sábado, 24 de julho de 2010

VII

"Nossa existência não é mais que um curto circuito de luz entre duas eternidades de escuridão" (Vladimir Nabokov)

- Você vê? foi o que ela disse para ele quando estava caído, deitado.

mas ele não via. ouvia um barulho de ranger de dentes. um lixar de unhas. o movimento de engolir saliva. mas não via. ela estava parada, à sua frente. respirava lentamente. ele se perguntou por que ela não se mexia. ela deveria assustar, deveria futucar com gadanhas. mas ela só abria e fechava os olhos como se o fechar e o abrir fossem respostas em meio ao blecaute. cílios, ela tinha. compridos. boca, também. lábios desiguais. ele esperou pelo beijo. pelo frio. pelo passar da vida em frente à sua escuridão, mas nada veio.

- você vai me poupar? – ele perguntou.
- não. – ela respondeu – meu nome é Morte.

então ele foi agarrado e desapareceu em meio a sombras inexistentes. O mundo estava escuro e as pessoas ainda morriam.

por hanny saraiva

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