sábado, 24 de julho de 2010

V

Impaciente, se concentrou no ponto máximo do seu corpo.
O calor, escorria pelos seus poros no quarto sem ventilação
Se agarrava ao beiral como se dele dependesse a eternidade
E se sentiu assim, um pouco mais animal que habitual
Aos poucos, junto com sua respiração fez-se necessário os sentidos
Ouvia o rapaz ofegante recobrar o fôlego,
Sentia sua pele latejando
O gosto salgado do seu corpo temperando a língua
O cheiro ocre de carne humana..
Mas o que não voltou rapidamente foi sua visão
Misturada a vertigem e a cor de nada preto sombreado
Como se a caixa de Pandora fosse finalmente aberta
Se sentiu deslocar em vitrais de futuro tão passado
E não pode afirmar se alguma vez viu cores e cor de Sol
Ou sequer uma estrela
Tudo era tão naturalmente cor de escuridão
Que pestanejou agitada a mente obscura se alguma vez de fato
Viu luz
O declínio fatídico de todas as coisas
Junto com ela lhe foram tomadas
O rapaz sexuadamente satisfeito a seu lado sumira
O gosto de sexo levado com ele
O cheiro animal suado foi junto a brisa que não passou
Seu corpo tão bem conhecido e projetado se embalou em dormência
Sem sentido algum
Acompanhando a ausência de cores primárias
Sentiu-se em pé
A varanda da janela
Nada via, mas não se desesperou
No fundo dos seus sonhos sempre soube
Que a luz lhe trairia levando seus sentidos consigo
E que a escuridão por fim lhe engoliria.

por amanda nevark

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