por hanny saraiva
terça-feira, 22 de março de 2011
CXX
Pelo limo que fica no canto de cada parede, ele acha que escorrega. Há tempos ninguém limpa nada. Há tempos ele soltara da mão da esposa e há tempos ele não fala com ninguém. Alguém comera o braço dela. Um outro devorara sua costela. Ele, instintivo, não fizera nada. Culpara a escuridão por não se mexer quando ela gritara seu nome e sobrenome achando que ele se confundira quando não foi ajudá-la. Ele ouviu quando quebraram os ossos dela e quando o cheiro de carne ficou em suas narinas por dias. Pois ele também usou da carne dela e a espalhou por seu corpo para que eles não pudessem pegá-lo. Ele dissera que a amava. E foram as gorduras dela que o alimentaram por semanas.
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Nossa, muito bom! Adoro sentir! Incômodo!
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