segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

CXIV

Me fez fechar os olhos sem pedir, pra mergulhar na escuridão do
descobrimento de seu corpo.

Entrei nos emaranhados dos seus cabelos claros, sentindo uma atração
cósmica que fazia minha cintura ter movimentos circulares ainda
tímidos, quando senti seu corpo se aproximar do meu e sua boca
sussurrar em meu ouvido. Minhas mãos foram guiadas a parte mais íntima
de mim mesma, era um mar e tesão súbito. Virei-me na cama, ficamos
frente a frente dividindo o ar quente que estava nos cercando. Levei
minha mão até minha boca, era doce como nunca, era quente... depois
dividi com ela.
Me invadiu, entrou dentro de mim quando me encarou, como se me
desafiasse, brincando de amor. Foi a primeira vez que me vi. 
De olhos fechados, mergulhei naquela gruta do amor sem fim, com o gosto
do seu tesão na minha boca. Não era mais possível escutar a casa, as
pessoas, o cachorro, nem a música, só sua respiração, seus gemidos e
meu desejo. Estava molhada de ter ela. Vesti sua pele, penetrei o mais
fundo possível no seu sexo, uma flor gostosa e farta, entregue, plena!
Minha excitação foi ao teto com o que ela falava, o jeito como ela se
mexia, o tom da voz, as mãos dela em mim, minha língua nela, nosso
sexo.

  Quando abri os olhos, não abri. Não conseguia enxergar mais seu
rosto, estava tudo escuro, logo pensei " ela me fez fechar os olhos,
mesmo sem pedir.. e eu mergulhei na escuridão não só de seu corpo, mas
também de seu mundo".
por Clara Montparnasse

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